Aquele que tem habilidade para dar apoio aos outros e está sempre à disposição, pode acabar “atraindo” muitas pessoas que passam por momentos difíceis. Essas pessoas buscam alguém para desabafar e “reclamar” sobre os seus problemas, encontrando naquele conselheiro a ajuda e dedicação que elas gostariam.
O “conselheiro” pode ficar sobrecarregado quando não consegue estabelecer limites às pessoas que querem suporte, acumulando pedidos de ajuda, assumindo responsabilidades que não são suas, doando a maior parte do seu tempo aos outros, deixando de lado as suas próprias emoções e necessidades, não sobrando tempo para relaxar e recarregar as energias.
Por ter essa facilidade em escutar e oferecer apoio, normalmente ele se torna uma referência de conselheiro e também de cuidador para os amigos e familiares. Boa parte o procuram para pedir opinião e acolhimento.
É fundamental o conselheiro perceber que existe diferença entre aqueles que pedem ajuda e querem encontrar uma solução, daqueles que só querem reclamar e se vitimizar. O “reclamão” não quer se esforçar para mudar a sua realidade, não busca melhorar os seus comportamentos, na verdade só quer “vomitar” os seus problemas na esperança de que alguém resolva por ele. Ele se acomoda e de certa forma alimenta o próprio sofrimento.
Assumir as responsabilidades pelo outro pode gerar o sentimento de incapacidade e falta de movimento para a mudança. Por isso o conselheiro deve entender que apoiar não significa resolver pelo outro. É necessário encontrar o equilíbrio em ajudar, aprendendo dizer “não” para os outros e para si mesmo.
Normalmente, no fundo, o conselheiro é solitário, pensa que não pode desanimar e nem ficar triste, pois muitos dependem dele. Ele mesmo não costuma dividir os seus problemas e nem pede ajuda. Tenta resolver tudo sozinho, pois se acostumou a ser o “super herói”, não conseguindo sair desse papel, não dando espaço aos amigos ou familiares demonstrarem que também são capazes de ajudar e “dar conta” dos problemas. Assim, de certa forma, afasta quem poderia estar no mesmo “patamar” dele, ou então ofusca aquele que tem habilidades tão boas quanto às dele. O conselheiro perde de ter uma relação mais equilibrada, ele não dá oportunidade para receber aquilo que ele dá aos outros. Ele cria uma armadura dando a entender que é “indestrutível”, assim as pessoas não conseguem ver que ele também precisa de um tempo e de ajuda.
É importante o conselheiro refletir que nem sempre precisa ajudar:
É saudável e importante para a nossa sociedade cooperar e ajudar o próximo, isso beneficia a todos, gera bem estar para quem ajuda e para quem recebe. Mas no caso citado no texto, é importante o equilíbrio, em que o conselheiro possa respeitar os próprios limites para não entrar em um grau de exaustão (gerando ansiedade, estresse, depressão, insônia). É indicado o acompanhamento com o psicólogo quando o conselheiro não consegue estabelecer esse próprio limite e tem dificuldade para dizer “não”.
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