Alguns pais tentam proteger, preservar e ajudar os seus filhos, querem evitar que tenham privações, que sofram ou se traumatizem. Não aguentam a própria angústia ao ver o filho passar por dificuldades e chorar, ou de se arriscar e tentar resolver os problemas sozinho. Sentem que precisam fazer algo, que precisam proteger o filho de qualquer “mal” ou “dor” do mundo. Nessa forma de cuidar, os pais podem se tornar superprotetores, criando um casulo para o filho, o que costuma atrapalhar a criança no desenvolvimento de ferramentas para enfrentar as dificuldades e superar as feridas da vida, o que pode prejudicar o futuro profissional e pessoal do filho.
A frustração faz parte da vida, constantemente recebemos um “não”. Por exemplo:
Alguns pais passaram por violências e dificuldades quando mais jovens e por esse motivo podem tentar a todo custo impedir que os filhos vivam as mesmas dores. Outros se cobram muito, acreditam que para serem bons pais precisam superproteger, senão serão mal vistos e se sentirão culpados. Mas apesar da boa intenção, esses pais “guardiões” podem afetar negativamente a autoestima dos filhos. A insegurança (por “nunca” ter tentado sozinho) e o medo (de errar e não suportar a dor da frustração) costumam “atormentar” esses filhos com o passar do tempo.
É um risco não permitir e não incentivar que a criança ou o adolescente passe por frustrações, isso pode torná-lo frágil perante a qualquer obstáculo, sensível a qualquer crítica e ineficiente nas relações e na forma de superar os desafios (num mundo que exige muita eficiência). O excesso de proteção realmente pode bloquear o potencial do filho, gerar sentimento de ser incapaz ou de não precisar se esforçar para ser feliz e ter as suas próprias conquistas. A partir disso, o futuro do filho quando adulto pode ser de grande aflição e ansiedade, pois provavelmente ele não terá treinado e nem desenvolvido estratégias suficientes para enfrentar os desafios da vida.
Faz parte do papel do pai e da mãe permitir que o filho cresça e tenha o seu espaço. Dar esse espaço é fundamental para a criança e o adolescente aprender a se “arriscar”, enfrentar os seus medos, ir “a luta”, tentar e se superar. É fundamental desenvolver a autonomia. Eles precisam saber que são capazes de conseguir sozinhos, que são capazes de sobreviver a sofrimentos, e que nem sempre os amigos ou o namorado (a) vão ceder aos seus desejos.
Também é importante o equilíbrio. Os pais não devem deixar de dar o suporte emocional e amparo para seus filhos, é preciso oferecer esse apoio conforme a idade e necessidade da criança e adolescente. É interessante estimular e incentivar o filho a enfrentar seus problemas aos poucos, possibilitando que ele sinta capaz e tenha autonomia com a prática e o tempo. É fundamental não sobrecarregar, mas também não superproteger. Os pais podem incluir atividades e compromissos que a criança e adolescente assumam aos poucos. Por exemplo:
O adolescente começar a comprar pão na panificadora ou pegar ônibus sozinho. Selecionar locais seguros para estimular a autonomia. No início acompanhar e depois, aos poucos, permitir que vá sozinho quando o filho estiver mais maduro e confiante em relação a atividade (orientando sobre não aceitar convites e não conversar com pessoas estranhas).
Todos passam por dores emocionais e não tem como evitar. Isso faz parte da vida, da história de cada um. Viver plenamente significa viver tudo que a vida pode oferecer, coisas boas ou experiências doloridas.
Faz parte não ter todas as expectativas atendidas, aprender com os erros, aceitar que não pode tudo, afinal, é necessário lidar com o sentimento de impotência. É dessa forma que as pessoas amadurecem e se fortalecem, aprendem a saborear os bons momentos, a valorizar as conquistas, entendem que é necessário tentar e persistir “mais uma vez” naquilo que é importante e “faz bem”. As pessoas aprendem dessa forma a lidar melhor com suas emoções, nas tentativas e erros, criam estratégias de como contornar os problemas. É indicado o acompanhamento psicológico quando os pais têm dificuldade para dosar a “liberdade” de seus filhos.
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